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Como o Brasil lida com o problema do alto índice de acidentes rodoviários

acidente rodoviário

Os acidentes rodoviários são um grave problema global de saúde pública, associado a fatores comportamentais, segurança dos veículos e o ambiente urbano precário. Eles são as principais causas de lesão e morte devido ao número crescente de veículos, mudanças de estilo de vida e comportamentos de risco na população em geral.

Em todo o mundo, estima-se que 50 milhões de pessoas por ano sofram lesões e deficiências causadas por acidentes de viação, com 1,3 milhões de mortes, 62% das quais se concentram em dez países. O Brasil ocupa o quinto lugar, depois da China, Índia, Rússia e estados unidos 2.

acidente de transito

Estudos epidemiológicos mostraram que os acidentes rodoviários apresentam diferentes padrões de acordo com o sexo, idade, grupo social e área de risco, revelando maior vulnerabilidade para os indivíduos e lugares 3,4. Assim, os acidentes devem ser abordados numa perspectiva de saúde urbana, integrando as características da saúde dos residentes urbanos com as do ambiente construído 5.

O crescente tráfego de veículos motorizados, especialmente nos países em desenvolvimento e na ausência de infra-estruturas rodoviárias adequadas e de uma penalização eficiente das violações do tráfego, tem alimentado o aumento dos acidentes rodoviários, moldando assim o chamado “caos urbano”, exigindo soluções complexas e intervenções para construir um ambiente de tráfego seguro 6,7.

No Brasil, o número de mortos e feridos graves de acidentes de viação agora ultrapassa 150.000 vítimas por ano, com um custo anual de cerca de 28 bilhões de reais (11 milhões de dólares), além dos altos custos sociais da assistência médica, perdas materiais, despesas de segurança social, o sofrimento incomensurável das vítimas e famílias.

Uma vez que a autoridade de trânsito responsável propôs o modelo holístico pelo qual as lesões de trânsito resultam da interação entre as pessoas (fatores hospedeiros), energia (fatores veículos), e o meio ambiente, a antiga dicotomia entre planejamento de saúde e planejamento urbano está agora desatualizada. As análises epidemiológicas dos acidentes e das vítimas devem ser utilizadas no planeamento urbano interdisciplinar e intersectorial como uma estratégia eficaz de prevenção de acidentes, promovendo um ambiente de proteção, especialmente para os grupos mais vulneráveis.

A promulgação do código de Trânsito Brasileiro em 1998 e a legislação complementar, o controle de tráfego municipal, a melhoria da segurança dos veículos e a inspeção e vigilância eletrônica são iniciativas importantes, mas insuficientes para reduzir significativamente as mortes e deficiências 8. Entre outros fatores, a gravidade do cenário levou o Ministério da Saúde para implementar a Política Nacional para Reduzir a Morbilidade e Mortalidade por Acidentes e Violência, em 2001, de 10 e para criar o Projeto para a Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA) em 2006, os objetivos que incluem a descrição do atendimento de emergência, envolvendo casos de violência e acidentes e a distribuição, a magnitude e as tendências de tais lesões 11.

Em 2009, as Nações Unidas declararam o período de 2011 a 2020 como a década de ação para a segurança rodoviária, exortando os países (incluindo o Brasil) a estabilizar e reduzir as mortes no trânsito, implementando um plano de ação focado em cinco pilares: gestão da segurança rodoviária; estradas mais seguras e mobilidade; veículos mais seguros; usuários de estradas mais seguros; e resposta pós-acidente. Assim, em 2010, o Brasil lançou o projeto Life in Traffic-o nome do projeto de segurança rodoviária em 10 países-RS10 (OMS/OPAS). A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Saúde, visa fortalecer as Políticas de prevenção de lesões e mortes no Trânsito Rodoviário, melhorando a informação, planejamento, monitoramento e avaliação das intervenções.

A prevenção de acidentes rodoviários exige o conhecimento das Ocorrências, o perfil das vítimas, os meios de transporte envolvidos e a identificação das zonas de alto risco 13, e é dificultada pela dispersão de dados em diversos sistemas de informação. A ligação da base de dados ajuda, assim, a revelar a verdadeira magnitude de tais acidentes 14,15.

O Vida no Trânsito Projeto em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, no Brasil, observadas discrepâncias em análises independentes dos diferentes sistemas de informação, devido a deficiências atribuídas aos registros da polícia, que quase que exclusivamente registro de mortes no acidente de sites, e o fato de que os registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), muitas vezes não permitem a identificação de um acidente de trânsito como causa básica da morte.